Estou doente, meu Amor
É este o caso real
Não aguento com a dor
De ver escolhido o mal
Gente que se põe sozinha
Que não age na verdade
E para canseira minha
Me quer roubar a liberdade
Sinto a acusação no olhar
De quem diz que sim de um jeito
Mas que a forma de tratar
Roça sempre o desrespeito
Não será uma agressão
Que acabo por fazer
Não acreditar na intuição
Do que me quer parecer?
Não me posso meter mais
Com quem não me pede ajuda
Quanto da minha vida sais
A coisa fica sempre aguda
Passei a noite a sonhar
Com abstratos pesadelos
É caso para indagar
Onde me levam tais zelos
Porque me cansei tanto, Jesus,
E fiquei fora do Amor?
Saber o que é para mim
Será um grande favor
Dava jeito, é certo
Protegia a intimidade
Ao mesmo tempo ser esperto
E proteger a intimidade
De salvar tenho fome
É um dos grandes apetites
Mas o que realmente consome
É não saber os meus limites
De quem me rodearei?
O que é que me resta?
Pensar só em ser Rei
E dedicar-me à festa?
Na pintura, a poesia
Na música a valer
É mesmo hoje o dia
Em que me vou resolver
Nada mais tem valor
Que a todos propor o Cristo
Rejeitar o desamor
De quem recusa ver isto
Deus a todos oferece
Caminhos sem comparação
E no seu coração tece
A vida como oração
Não te subjugues, filho meu
A outra qualquer hierarquia
Olha o que te aconteceu
Perdeste a tua alegria
Para onde está ela?
Como a devo recuperar?
Acendo, Senhor, esta vela
Para ajuda aceitar
Vem esposo, dorme comigo
Dá-me alento, esperança
Para que cesse o castigo
E possa voltar à dança
Dá-me descanso, Senhor
Salva-me, dá-me vida
Volto a ser alegre
Tu mostras-me a saída
Posso fazer muito pouco
É a minha condição
Mas não quero ficar louco
E perder a razão
Assim, Jesus, eu te peço
Ouve este meu lamento
Acaba com meu retrocesso
Desapareça com o vento
Preparar Tua vinda
É o que tenho a oferecer
Essa é a via que é linda
E que me merece crescer!