Logo agora que eu tinha
O juízo bem assente
Para mal dos meus pecados.
Partiu-me hoje mais um dente.
Eu queria fazer filmes
E fiquei desapontado
Se puser a câmara alta
Vê-se a falta do bocado.
O meu grande problema
É ter esse mal visível
Mas também logo me lembro
A Deus nada é impossível.
Tu faz como Tu quiseres
Oh meu querido Deus amado
Eu vou aceitar bem grato
O que me deres como fado
Tu estás para resolver
As minhas indecisões
Sei que ainda não sei ver
Tuas ricas soluções
Andaria eu iludido
Com o que me está destinado?
“É mudar de direcção”
É o mando que me é dado.
Perceber mal as coisas
É o pecado que eu fiz
Tentar um outro caminho
Como faz qualquer raiz.
E chego ao mesmo sítio
Daquilo que sou capaz
Aceitar que só Tu sabes
Bem aquilo que é a paz.
Quando caio no buraco
Seja noite ou seja dia
Só tenho de perguntar
Onde mora a alegria.
Acertar a minha bússola
E recuperar dos danos
Nada mais me é preciso
Que aceitar os Vossos planos.
Olhar a vida nos olhos
E aceitar a minha cruz
Bem menores que as minhas dores
São as dores de Jesus!
Assim curo as minhas feridas
Com o sangue do cordeiro
Anúncio a boa-nova
Aos irmãos do mundo inteiro.
Tragam as nossas fraquezas
E também imperfeições
Pois quem vê as vossas caras
Não vê vossos corações.
Estaremos reunidos
Nesse amor fraternal
Filhos de um mesmo Pai
Criador Universal.
A vida é uma beleza
Não queiras ficar no chão
Olha nos olhos Cristo
Ele te estende a sua mão.
Category Archives: Poema
O dia é dia
Acordei bem cedinho
Antes do galo cantar
Quem quer ganhar o dia
Bem tem de madrugar
Cada um seja feliz
Com aquilo que Deus lhe deu
Terá tudo o que lhe falta
Assim Ele o prometeu
Pensar demasiado o futuro
Sofrer em antecipação
É tornar tudo mais duro
É convidar a desilusão
Nada acrescenta à vida
Viver em preocupações
Cada dia sua tarefa
Cada dia suas questões
Alegra-te oh meu amigo
Tudo está bem preparado
Se aceitares a tua Cruz
Vais passar um bom bocado
A cruz parece pesada
Uma dificuldade imensa
Tudo será dissolvido
Terás a Sua presença!
Os dias que correm
Meia-hora para rezar
É hoje uma enormidade
Ter tempo para parar
Alerta toda a cidade.
Andamos sempre a correr
Sem saber para onde vamos
Talvez seja da coleira
Uns dos outros somos amos.
Eu hipnotizo-te a ti
Tu hipnotizas-me a mim
Eu hipnotizo-te a ti
Tu hipnotizas-me a mim
Aprendizes de feiticeiros
Queremos todos controlar
Não olhamos a meios
Cuidado para não os acordar
Acordar para a vida
Era realmente um perigo
Autonomia conseguida
Deixar de olhar para o umbigo.
Um clone
O mundo copia apressado
Clones de pouco valor
Tudo somado é um efeito
De acentuado calor
Quem me dera pois ver
O que aconteceria
Se tanto lixo ficasse por fazer
Que outra coisa é que se faria?
Passear perto de casa
Conhecer a terra a pé
Saber se é redonda ou rasa
Levar protector e boné
Encontrar em cada lugar
Uma amiga, um irmão
E a nenhum faltar
Com um cumprimento de mão
Saber que nada me falta
Tudo estará no caminho
Tão alegre essa malta
Nunca me sinto sozinho
Erros de organização
São fáceis de corrigir
Mais do que sobra vinho e pão
Havemos de conseguir
Acabar com o medo
Mentalidade de sobrevivência
É esse o segredo
Que esquecemos com frequência
E assim nos escondemos
Do que a vida quer de nós
E assim nem vida temos
Apaga-se a nossa voz
Mas há sempre solução
P'ra quem quer a liberdade
Não ser escravo da razão
Mas buscar sempre a verdade
Mais devagar vamos então
Apreciando o que já temos
Desejar nascer de novo
Como proposto ao Nicodemos
Para ver tudo renovado
E escapar do abismo
A primeira coisa no quadro
É cortar com o egoísmo
Pôr-me dos outros ao serviço
Como primeira lição
Responde a este teu fado
Segue a tua intuição
Amanhã outra teremos
Para tudo aprofundar
Será mais longe o que vemos
E o que iremos alcançar.
Junqueira, 19 de Agosto de 2023
Luzes paradas
Ficou assim parado
O telemóvel luzidio
Nos perdidos foi achado
Vai passar bastante frio
Já mais não quero no bolso
Pois que muito peso faz
Nas calças, na cabeça
Na visão de quem o traz
O que desenrasque era
Passou bem a ser prisão
Do outro lado tenho fera
Se não atendo com prontidão
Já não passava sem ele
Neste mundo desorganizado
E assim fui aceitando
Passar esse mau bocado
Quem dera andar eu
Sem essa bicho carraça
Dizia-me um amigo cansado
Cansado pois dessa farsa
Já nem me lembro bem
De quando livre andava
Olhava para a gente do jardim
Que passava e conversava
Agora nem gente se junta
Está tudo mais que partido
Se o telemóvel desaparecesse
Ficava tudo perdido
Começa pois meu amigo
A passar sem o ter contigo
Deixares de olhar para o umbigo
Até lhe vais chamar um figo.
Junqueira, 20 de Agosto de 2023
O interlocutor
Sei que sou
Um bom interlocutor
Embora quando gravo e vejo
Sinta sempre alguma dor
Ainda agora vi falar
Numa extensa gravação
Esse senhor Andrew Tate
E um terapeuta cheio de razão
Pensei depois assim
Preciso melhorar o inglês
Pois se estivesse ali sentado
Faria bem a sua vez
Será só uma ilusão
Ou será mesmo verdade
Que p'rá conversa tenho queda
Se me der essa liberdade?
É assim a minha cruz
Voltar a ser conhecido
Fazer a vontade do Senhor
Ver o meu destino cumprido
Mandar esta criatividade
Toda para fora de mim
Pintar, fotografar, escrever
Cantar, brincar e assim
Talvez cresça tanto de tanto lado
Que a discrição tenha direito
Se assim não for, tanto melhor
Continuo sempre a eito
Ali à frente, postais pintados
Um segue já no envelope
Quanto mais me dedico ao sonho
Tanto mais sinto o seu galope
Segura-me bem no meu rumo
Traz-me luz e sentido
Haverá fogo e fumo
Meio mundo estará fugido
No fim das contas porém
Ele chegará de novo
Quando é, sabe ninguém
Preparado, só seu povo.
Junqueira, 20 de Agosto de 2023
Libertem-nos
Digam-me lá, por favor
Se não é grande injustiça
Deixar grande parte da gente
A sofrer desta cobiça
Houve tempos é certo
Que o trabalho apertava
Que toda a gente fazia
E que ninguém se poupava
Mas agora parece mesmo
Que é um bem raro e escasso
E quem não lhe tem acesso
É bem mais do que um pedaço
Façamos as contas, pois bem
A ver se dão algum alento
Comecemos por saber
P'ra que contam três por cento
Ora este número pequeno
É o que nos dá a fartura
Com este número de pessoas
Se governa a agricultura
No início do século passado
Era pois quase toda a gente
Questiono o meu querido amigo
Como estamos no presente?
Sabe bem que agora estamos
Longe da terra, lamento
Muita gente nunca foi
De onde lhe vem o sustento
O leite já nasce em pacotes
A fruta tem casca plástica
E o frango já sem penas
Nunca fez grande ginástica
Este é o resultado
Da era do industrial
Dá trabalho a toda a gente
Mas é um trabalho banal
A promessa era diferente
"Máquina igual a libertação"
Mas entre trânsitos e escritórios
Vivemos uma prisão
Sempre dentro de caixas
Mesmo de lado para lado
Dentro da fábrica, sem tempo
É tempo de pensar um bocado?
Com estávamos a ver
Se pouca gente precisamos
Para ter o essencial
Porque nos preocupamos?
Podíamos bem abrandar
Parar esta correria
Ver no que havia de dar
Viver mais da poesia
Como seria isso meu caro
De viver como o poeta?
Talvez condensar o mundo
Num rascunho e uma caneta
Contemplar uma flor
Atrasar uma conversa
Apanhar uma boleia
Pegar uma estrada inversa
Qual é a tua pressa
Para onde vais rapaz?
"Como era no princípio"
O caminho é para tráz
Pouco a pouco vamos
Tal crianças a brincar
Passar por baixo das pernas
Para o amigo livrar
Livrar de tantas cadeias
Que nos retiram a vida
Está muito mais que na hora
De curar essa ferida
Basta pois desse medo
Nada nos há-de faltar
Não aceites qualquer coisa
Para o teu tempo entregar
Age com convicção
Emprega bem o teu talento
E assim vais ter uma obra
E por acréscimo o sustento
Pôr todas as coisas por ordem
Cada qual com seu valor
Assim com o melhor no topo
Aguentarás qualquer dor
Salvem todos os prisioneiros
Em todos os sítios são tantos
Sobrevivem-se durante o dia
E chegam a casa aos prantos
Virá o dia é certo
Haverá uma solução
Vem comigo caminhante
Aperta-me cá essa mão.
Junqueira, 20 de Agosto de 2023
O infinito do hoje
Estou todo satisfeito
Já fiz a provisão
Música para mil anos
Vídeos para um milhão
Refrão:
Como faço amigo
Agora é que está bonito
Tudo à minha volta
É um grande infinito
E não é que agora
Só me apetece fugir
Por onde é que começo
Me decido a decidir
Quero tudo ao mesmo tempo
Que excitação
Vivo assim animado
Pela confusão
Mesmo sem mundo melhor.
Vou aqui dizer-te
O que parece uma aberração
Criar um mundo melhor
Não é o fito de um cristão
Muitos já sonharam
Com várias humanas vias
Mas viraram pesadelos
Todas essas utopias
Acham que este ser imperfeito
Consegue sozinho a solução
E nada fica direito
Acaba em destruição
Ideias do iluminismo
Vão aumentando de tom
Galopam para o abismo
E pouco têm de bom
Como podemos saber
Que esse futuro construído
Não vai ser para nos perder
Para nos tirar o sentido?
Se nem o amanhã eu sei
Como posso me arrogar
Que para mais depois saberei
O que irá funcionar?
O futuro a Deus pertence
E já nos deu conhecimento
Que tudo o que precisamos
É cumprir seu mandamento
Amá-lo acima de tudo
Ao próximo bem como a mim
E o restante se ordena
Naturalmente, assim
E na consequência disto
Se seguir o meu Senhor
Não é o mundo que conquisto
Mas a entrega ao Amor.
A aposta de Pascal
Queria eu poder explicar-te
Uma ideia pouco banal
Trata-se, querida amiga
Da aposta de Pascal
O argumento é tão certo
Não há, pois, confusão
Não preciso ser esperto
Pr'a tirar a conclusão
Se estudares o que Ele disse
Quando andou pela Terra
Vais amar sua palavra
E a verdade que ela encerra
"- E se não é bem assim
Será tudo um engodo
Isto é tudo o que há
Não existe mais que o todo"
O que diz o matemático
Bem pensado, por sinal
É que não há que ter medo
Concordas com este mortal?
As promessas são grandes
Pois te digo e repito
Que se aderes a Jesus Cristo
Vais ganhar o infinito
E se for mentira
Um equívoco, um engano
Ao que digo, nada retira
É inexistente o dano
Porque se leres o que diz
O importante que ressoa
O pior que te acontece
É tornares-te boa pessoa
Tens dúvidas sobre isto?
E medo desta aposta?
Olha que Ele é teu amigo
Aceita a sua proposta
Sabe mais um pouquinho
Procura e lê um bocado
Trilha este caminho
Que faz o Deus encarnado
Se algo tu rejeitares
Não será viagem vã
Pelo menos conheceste
A cultura judaico-cristã
Se ganhares, ganhas tudo
Se perderes, não perdes nada
É uma escolha de miúdo
Uma bem simples charada
Que grande argumentação
Não está mesmo nada mal
Sim senhor, grande aposta
Parabéns Blaise, Pascal.