O papel da arte no crescimento pessoal – a liberdade de criar

É vasto o conhecimento, quer do senso comum quer do aprofundamento científico que a arte tem um enorme papel no desenvolvimento de cada ser humano como pessoa.

O prazer na exploração artística é comum à maior parte das pessoas. É muito raro encontrar uma criança pequena que não goste de trabalhar com algum material de forma criativa. Lápis de cor, marcadores, a voz, a expressão dramática, a rima, as construções, são em enorme número todos os materiais e formas de podermos expressar a nossa criatividade.

O que será que acontece à maior parte das pessoas para perderem o contacto com esta parte da sua vida? Não sei se saberei dissecar isto muito a fundo mas creio que há pelo menos dois constrangimentos à produção artística.

A comparação com os outros.

Quando vemos certos trabalhos artísticos, quer seja uma pintura, uma música ou um vídeo, é muito provável que estejamos em contacto com pessoas que são profissionais ou amadores muito dedicados àquilo que fazem, por isso, é natural que acabemos por nos sentir um pouco intimidados pensando “Eu nunca conseguiria fazer um trabalho destes”. Se bem que pode ser interessante e inspirador ver trabalhos de grandes artistas não podemos deixar que essa experiência tenha como resultado a nossa intimidação e desânimo. Não. O processo artístico é um processo de descoberta interior. Se vamos abordá-lo numa tentativa de “ser o melhor” ou de “ser melhor que o outro” o processo já vai inquinado do começo. Não deve ser esta a motivação. Vamos acreditar que o melhor mesmo é a pessoa que me vou estar a tornar depois de ter passado pela experiência de criar.

O foco no resultado.

Quando tento fazer algo de específico com a minha arte, por exemplo na pintura ou no desenho, corro o risco de sair frustrado. Todo o trabalho, desde que começo até que acabo vai ter que ser sacrificado ao fim a que me propus. Isto não é necessariamente mau. Há imensos trabalhos incríveis e na história da arte que são baseados neste pressuposto mais “planificado”. Contudo, para quem começa, aconselho uma abordagem mais experimentalista. Que tal pegar nuns lápis de cores e juntar cores que gosto? Que tal comprar um pouco de barro e mexer no barro? (há quanto tempo não mexes no barro?) Pegar nuns papeis velhos e cortar como te apetecer? Só isto. Pegar num talher e explorar uns ritmos em cima da mesa?

E o que importa mesmo?

O mais interessante disto tudo é eu conectar-me com o enorme mar criativo que há em mim, aos poucos. Ouvir o meu corpo e perceber o que lhe apetece fazer.

Eu sou um ser único que me expresso artisticamente de várias formas e com vários meios. Não preciso de dançar nem pintar como os outros, nem preciso de fazer música como os outros. Tenho a total liberdade de me expressar como quero, sem fazer melhor nem pior mas aproveitando para aprender, crescer e usufruir de ser quem sou, aceitando que a arte é um processo e que é muito mais importante a experiência que faço do que os resultados mais ou menos agradáveis ou “comerciais que produzo”.

O importante é eu usar a arte como uma ferramenta de aprendizagem do meu exercício da liberdade. A arte serve para eu me sentir mais livre e é por isso que é tão difícil de ousar. Ser livre é muita responsabilidade!