Nestas alturas cansadas
É que eu fico a saber
Um bocado às cabeçadas
O que não devo fazer
Assim descubro o caminho
Abraço o que recusei
E aceito que é sozinho
Que o descobrirei
Sozinho no que é terreno
Pois no domínio celeste
Tudo é belo e ameno
Foste Tu, assim o quiseste
Pareço estar isolado
Mas sigo pleno contigo
Eu e o meu amado
Ah mas que terno castigo
Depois de tudo testar
Me restas Tu no final
Acabarei a amar
O alfa de todo o real
Ás vezes tenho medo
Fico meio desconcertado
Talvez ainda seja cedo
Para o desfecho esperado
Mais que Tu, nada querer
Assim fora, quem me dera
É mais fácil de dizer
Mesmo para quem se esmera
Se dedica com empenho
Na alegria de quem espera
Ele disse: "No fim eu venho"
É a eterna primavera
Caia o que me pesa na mão
Ao que estou amarrado
Esqueça eu a criação
E ame quem fez o criado
Ó que tão difícil recado
A criação é tão linda
Mas sua função é ter apontado
Para a beleza que é infinda
E essa beleza és Tu
És a minha salvação
Para ti eu estou nu
Sabes a minha condição
Livra-me do excedente
E daquilo a que me prendo
O teu Amor ponho à frente
Tu o entregaste morrendo.