O mundo copia apressado
Clones de pouco valor
Tudo somado é um efeito
De acentuado calor

Quem me dera pois ver
O que aconteceria
Se tanto lixo ficasse por fazer
Que outra coisa é que se faria?

Passear perto de casa
Conhecer a terra a pé
Saber se é redonda ou rasa
Levar protector e boné

Encontrar em cada lugar
Uma amiga, um irmão
E a nenhum faltar
Com um cumprimento de mão

Saber que nada me falta
Tudo estará no caminho
Tão alegre essa malta
Nunca me sinto sozinho

Erros de organização
São fáceis de corrigir
Mais do que sobra vinho e pão
Havemos de conseguir

Acabar com o medo
Mentalidade de sobrevivência
É esse o segredo
Que esquecemos com frequência

E assim nos escondemos
Do que a vida quer de nós
E assim nem vida temos
Apaga-se a nossa voz

Mas há sempre solução
P'ra quem quer a liberdade
Não ser escravo da razão
Mas buscar sempre a verdade

Mais devagar vamos então
Apreciando o que já temos
Desejar nascer de novo
Como proposto ao Nicodemos

Para ver tudo renovado
E escapar do abismo
A primeira coisa no quadro
É cortar com o egoísmo

Pôr-me dos outros ao serviço
Como primeira lição
Responde a este teu fado
Segue a tua intuição

Amanhã outra teremos
Para tudo aprofundar
Será mais longe o que vemos
E o que iremos alcançar.

Junqueira, 19 de Agosto de 2023