Hoje eu dava bem
Para trabalhador braçal
A minha linda cabeça
Mais parece um lamaçal!

Esta minha característica
De tudo rapidamente intuir
É ouvidos ter a tísica
E o meu cérebro a falir

Como se perdesse ideias
Para sempre no meio do mato
E depois sem entendê-las
Tal qual mil novecentos e oitenta e quatro

Como já não tendo a chave
Dos tesouros interiores
Perdidas as capacidades
Merecedoras de louvores

Assim de repente sou
Perfeita mulher a dias
Já sem mente para seguir
Outras elevadas vias.

Tudo o que era, peço a Deus
Me seja recuperado
Para que eu possa servir
O meu povo com agrado

É uma coisa pequenina
Que afina o meu motor
Sem isso sou um rapaz
Com isso sou um senhor

Pois que tanta falta faz
Para eu me encontrar
É a peça fundamental
P’ra no mundo trabalhar

Já sei o que vou fazer
E embora não contente
Vou mudar a aparência
Para servir a minha gente

Agradeço pois a Deus
Essa especial ferramenta
Mais pequena que um cabelo
Que a cabeça me sustenta!

Segunda, nove de outubro de dois mil e dezassete.