Se no fundo estiver errado 
Ao explorar esta via
Pergunto-me se alguma vez
Perderei a poesia

Já estive lá por cima
Muita auto-destruição
Olho para a vida e penso
Vou perder tudo da mão.

Sei bem que coisas não pode
Fazer a alma bipolar
Não pode perder a esperança
Nem pode o futuro olhar

Olhar o futuro é
Uma recta bem secante
Ora acima ora abaixo
Do alvo fica distante

Terias tu para mim
No teu coração destinado
Este sofrimento todo
Ou terá sido por mim causado?

Tu só queres o melhor
Isso também o sei
Mas pergunto à minha vida:
Então fui eu que te estraguei?

Já perdi quase tudo
Mais estou disposto a perder
O que mais me entristece
O que eu tenho a dar, ninguém receber.

Resta-me esperar com calma
E saber que és meu amigo
Por tudo o que fiz de mal
Até bem doce é o teu castigo.